16 de julho de 2024
Crônica

O dia que foi da Idalina


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Vem aí a efeméride do ano! Embora tenha sido criada por jogada de puro marketing do comércio, a data pegou e ficou. Sim...o Dia das Mães, que, de verdade é “todo dia”, restou agendado para o segundo domingo de maio, certamente devido ao período de “baixa” nas vendas no varejo. Assim, o comércio bolou uma campanha obviamente vitoriosa, porque mãe todo mundo tem uma. Logo, um dia dedicado especialmente em sua homenagem resultaria num estrondoso sucesso de vendas. De qualquer coisa...  Eu, particularmente, nunca precisei me preocupar com a lembrança da data, que, quase sempre, coincide com a do meu aniversário. Minha Irmã Zilah também, porque nasceu no dia seguinte ao meu, em 12 de maio, que, nesse ano, cai exatamente no Dia das Mães. Não é minha gêmea porque veio ao mundo quatro anos antes. Ela, então, irá comemorar o seu aniversário e o das mães. O Jairo, nascido dois anos mais tarde, em março, nunca agendou e jamais esqueceu.

Era meio de se esperar que lá viesse eu falar da minha mãe, a professora Leonor, titular de inúmeras crônicas nesse mesmo espaço, ora homenageada como tal, ora destacando seu lado de educadora e disciplinadora ou sua versatilidade como artista plástica, boa de aquarelas e  desenho livre, tricoteira e cozinheira de  “mãos cheias”, laureada várias vezes nesses quesitos. Me refiro, desta feita(ôpa!), à sua congênere em Pereira Barreto, a professora Ida, isto é, Idalina de Mendonça Chagas.  Tal como Leonor, era educadora e disciplinadora. Daquelas rigorosas, se me entendem.

A professora Idalina, de face cálida e doce, era “uma fera”. Especialmente em casa, ao disciplinar inclusive o marido, “seo” Cidão, isto é, o Tabelião Cid Chagas, que nunca se atreveu andar “fora da linha”. Com a chegada do primogênito Cid, que assumiu o codinome Cidinho, ele e o caçula Julinho apanhavam de quase dar dó. Mas nunca reclamaram e se lembram das surras que levaram com carinho, certamente por merecedores, o que ouvi deles próprios. O Julinho apanhava mais, porque era “hiperativo”. Continua, mas parou de apanhar... Da. Idalina, que faleceu em 1996, recebeu   homenagem póstuma da Escola Especial da APAE de Pereira, com uma sala em seu nome. E não por isso...

Mas nos bons tempos do Primeiro Grupo Escolar de Pereira Barreto a professora Idalina era “contida”, isto é, embora tendente a distribuir sonoras surras em alguns indisciplinados alunos, no que contribuiria eficientemente para a formação dos cidadãos locais e  daria extraordinária colaboração para suas respectivas mães, ela preferia usar o chamado Plano B. Consistia esse método em aplicar delicadas reguádas de plástico ou madeira nas bundinhas dos endiabrados alunos, e, quando, por infração mais grave, puxar firme suas orelhas pelo couro cabeludo da costeleta. Tinha aluno danado e esperto, como o Humbertinho, que implorava em casa para rapar a cabeça, afim de, carequinha da silva, escapar do famoso puxão de costeleta da professora Idalina. Saravá, Da. Idalina, pelo seu Dia das Mães!

Jeremias Alves Pereira Filho

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.