Condenada a 39 anos por matar os pais em 2002, Suzane von Richthofen teve a pena convertida ao regime aberto em janeiro deste ano, se mudou para Angatuba (SP) e abriu um ateliê de costura.
Batizada de "Su Entre Linhas", a página no Instagram do negócio conta com mais de 28 mil seguidores em menos de seis meses. A produção vai tão bem a ponto de a página anunciar a venda de produtos de Suzane para o Japão.
Ela costura artesanalmente itens de decoração para chinelos, sandálias, peças de cama, mesa e banho, bolsas e nécessaires, para o público feminino, e carteiras e outros objetos para os homens.
"Através da costura criativa, confeccionamos e customizamos os mais diversos produtos. Com destaque aos chinelos, trazemos para as peças a essência de vestir peças únicas e exclusivas", diz texto no site da loja.
A produção de Suzane divide opiniões entre internautas que se manifestam por meio do Instagram da loja, que tem os comentários limitados. Há os que apoiam, elogiam e incentivam a iniciativa da agora empreendedora, mas também quem a critique e questione.
"Su você esta linda na foto do site poderia postar ela aqui tb. Sucesso!”, escreveu um internauta. “Tô ansiosa pra ver essa caixinha chegando aqui", disse a internauta do Japão que encomendou uma peça de Suzane.
Outra pessoa afirmou: "Você está recomeçando. É difícil, mas tudo terá sua base de recomeço. Não somos ninguém para julgar você. Eu mesmo apoio e dou força para o seu empreendimento".
Há aqueles que usam da ironia para questionar a artesã: "Boa sorte no concurso, Su! Sei que tu vai matar teus pais de orgulho ainda!", escreveu um comentarista. Outro perguntou o motivo de a loja não fazer peças para o Dia das Mães. No geral, há mais comentários positivos do que negativos.
PRISÃO
A costura foi uma das atividades que Suzane von Richthofen desenvolveu durante o período em que esteve presa em regime fechado, boa parte dele na Penitenciária Feminina de Tremembé, que incentiva as detentas a ter uma atividade.
Ela foi presa em 2002 e transferida para Tremembé em 2007. Desde então, cumpria pena na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier. Dos mais de 30 anos de condenação, Suzane cumpriu mais de 20 anos de prisão.
Ela foi condenada inicialmente a 39 anos e seis meses de prisão, mas conseguiu na Justiça diminuir seu tempo na cadeia. Atualmente, a pena revisada de Suzane é de 34 anos e quatro meses, com término previsto em 25 de fevereiro de 2038.
Desde 2017 ela tentava a progressão ao regime aberto para cumprir a pena fora do presídio, assim como o ex-namorado Daniel Cravinhos, mas teve todos os pedidos negados pelo Judiciário.
Em janeiro deste ano, Suzane finalmente conseguiu a aprovação da Justiça para cumprir o restante da pena em liberdade. Ela precisou se enquadrar em alguns requisitos, entre eles o tempo de cumprimento da pena e bom comportamento.
No regime aberto, ela pode cumprir a pena fora da prisão e trabalhar durante o dia. À noite, deve se recolher em casa de albergado, que é uma residência de hospedagem prisional coletiva.
Em razão de São Paulo não contar com esse tipo de unidade prisional, Suzane deve ser recolhida no período noturno em prisão albergue domiciliar. Ou seja, fica em casa com restrições de horário e fins de semana.
O endereço informado à Justiça por Suzane fica na zona rural de Angatuba, a cerca de 15 minutos da região central. Ela também abriu um cadastro como MEI (Microempreendedor Individual) no Sebrae de Angatuba, cidade que pertencente à região de Itapetininga. A população é de 26 mil pessoas.
A cidade também é lar da família de Rogério Olberg, com quem Suzane teve um relacionamento entre 2017 e 2020. O casal chegou a noivar, mas se separou.