Um portal afiliado à rede
03 de maio de 2024

Violência

Polícia Civil não descarta hipótese de motorista de aplicativo ter sido enterrado vivo

Análises de câmeras e do computador da vítima levaram até o suspeito; para a polícia, Glauber Florentino foi espancado, depois dopado e colocado em uma cova rasa inconsciente

Por Lauro Sampaio
Da Redação/Folha da Região

13/03/2023 - Tempo de leitura: 3 min

Divulgação

Delegados Paulo Natal e Roberto Carlos de Oliveira durante a entrevista coletina nesta segunda-feira, 13

A Polícia Civil de Araçatuba, por meio da equipe do Departamento de Homícidios (DH), não descarta a hipótese do motorista de aplicativo Glauber Humberto Florentino, 35 anos, ter sido enterrado vivo num canavial do municipio de Bento de Abreu. Ele estava desaparecido havia onze dias após sair supostamente para uma corrida entre Araçatuba e Birigui e foi encontrado enterrado em uma cova rasa no meio de um canavial neste domingo, 12.

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, 13, os delegados Paulo Natal e Roberto Carlos de Oliveira, disseram que chegaram até o o suspeito, identificado como Luis André Justimiano, 33 anos, após análise das câmeras de segurança de seu condomínio, também por imagens da câmera de uma praça de pedágio na rodovia Marechal Rondon e por pesquisas feitas no computador pessoal da vítima.

A hipótese do motorista ter sido enterrado vivo está sendo investigada pela polícia, que vai contar com laudos e apoio técnico de peritos da Polícia Científica. "Ele (Luis André) disse que conheceu Glauber por meio de um site de relacionamento em dezembro e que no dia 1 de março combinaram de se conhecerem e de se relacionarem sexualmente. Ambos embarcaram no Ecosport de Glauber e, segundo o acusado, houve uma discussão entre ambos a respeito da venda do carro da vítima, que teria um ex-marido e, que assim, teria que vender o carro para dividir com seu ex-companheiro", disse o delegado Paulo Natal.

Natal comentou ainda que na dinâmica do crime - que pode vir a ser enquadrado como latrocínio (roubo seguido de morte) - Luis André pegou um porrete, tipo taco de baseball, e acertou várias pancadas na cabeça da vítima, que ficou desacordada e foi levada para o banco de trás do automóvel.

Depois disso, o delegado descreveu o desfecho final do crime, ocorrido num canavial da cidade de Bento de Abreu, também na região de Araçatuba.

"O acusado disse que fez a vítima tomar dipirona e que Glauber já estava muito inconsciente quando chegaram ao canavial. Depois disso, o suspeito cavou um buraco e colocou o Glauber lá dentro, jogando terra por cima em seguida. Por isso, não descartamos a hipótese da vítima ter sido enterrada viva, embora que ainda inconsciente, e morrido devido a asfixia mecânica por causa da terra", disse Natal.

O corpo da vítima, que já estava em estado de decomposição ao ser localizado, foi encaminhado para o Instituto Médico legal (IML) e reconhecido por familiares por meio de uma tatuagem de um cachorro feito nas pernas de Glauber. "Os laudos da Polícia Cientifica vão determinar se a vítima foi enterrada ainda com vida ou não", reforçou o delegado.

Depois da morte, vendeu do veículo

O delegado Roberto Carlos de Oliveira, que também participou da coletiva, afirmou que, assim que matou Glauber, Luis André iniciou negociações para vender o Ecosport de Glauber com um rapaz de São Paulo por R$ 9 mil. A negociação foi sacramentada no dia seguinte ao assassinato.

Após a venda, segundo o delegado, Luis André saiu de Araçatuba para uma viagem, mas a Polícia Civil já tinha conseguido um mandado de prisão temporária contra dele.  "Por isso que nós, da Polícia Civil, não descartamos a hipótese de mudarmos a investigação de homicidio qualificado para latrocínio, cuja pena é mais severa e pode ensejar punições que variam de 12 a 30 anos de reclusão, sem a necessidade de convocação de júri popular", concluiu Oliveira, do Departamento de Homicidios da Polícia Civil de Araçatuba.