Hoje (18), é celebrado o aniversário do ex-presidente da África do Sul, que atuou contra o racismo e se tornou um símbolo da luta por direitos igualitários
Liderança, resistência, ativismo, força e sabedoria. Essas são algumas das características que tornaram Nelson Mandela uma das personalidades mais relevantes do século 20. Há exatos 103 anos, Mandela nascia na África do Sul.
A importância desse líder transformou 18 de julho no Dia Internacional de Nelson Mandela, data instituída pela Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2009.
A reverência ao líder inspirou não só a população e o meio político, mas também o universo cultural: a luta e a vida de Mandela são temas de filmes, livros, músicas, exposições, documentários e de outros segmentos artísticos.
Nelson Mandela lutou pela construção de uma vida melhor para o seu povo, garantindo a igualdade social, política e econômica para todos os negros que viviam na África do Sul.
Por isso, hoje, no dia de seu aniversário, é celebrado a proteção dos direitos humanos, a igualdade entre as raças e etnias, a resolução dos conflitos entre povos e a integridade da humanidade.
HISTÓRIA
Em 18 de julho de 1918, no vilarejo de Mvezo, localizado no sudeste da África do Sul, nascia aquele que, anos mais tarde, se tornaria um líder de alcance mundial. De família de nobreza tribal, da etnia Xhosa, ele recebeu o nome de Rolihiahia Dalibhunga Mandela. Teve uma formação intelectual influenciada tanto pela herança cultural europeia quanto pela africana.
Em 1925, ingressou na escola primária - sendo o primeiro membro de sua família a freqüentar um colégio - onde recebeu da professora o nome de Nelson, em homenagem ao Almirante Nelson, seguindo um costume de dar nomes ingleses a todas as crianças que frequentavam a escola.
Em 1939, Mandela ingressou no curso de Direito, na Universidade de Fort Hare, a primeira Universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros. Por se envolver em protestos, junto com o movimento estudantil, contra a falta de democracia racial na instituição, foi obrigado a abandonar o curso.
Mudou-se para Joanesburgo, onde se deparou com o regime de terror imposto à maioria negra. Estudante de direito, o jovem Mandela ingressou, em 1942, no CNA (Congresso Nacional Africano), partido que defendia os direitos da população negra, maioria no país.
APARTHEID
Depois da institucionalização do apartheid, em 1948, na África do Sul, a dura e violenta política de segregação racial, que garantiu poderes políticos apenas para os brancos e proibiu relacionamentos interraciais, Mandela ingressou na luta pelo fim do regime racista. Madiba, como também era conhecido, se tornou líder do Congresso Nacional Africano - organização que atuava pelo fim desse sistema.
Ele se tornou uma das principais personalidades no combate ao apartheid, especialmente após o agravamento do regime. Defendia uma resistência pacífica e a desobediência civil contra o regime, como burlar as leis que separavam negros e brancos em espaços públicos.
Entretanto, o recrudescimento da repressão contra os negros, suas várias prisões, seu banimento do CNA em 1961, fizeram com que Mandela e seus companheiros mudassem de tática de luta política. Nesse mesmo ano foi criado um grupo armado dentro do CNA.
A luta armada resultou em vários atentados a instalações públicas, mas também causou uma violenta reação das forças governamentais. Diversos militantes do CNA foram presos, dentre eles Nelson Mandela, que foi condenado à prisão perpétua, em 1964.
Mandela, na prisão, passou a registrar seus pensamentos em cadernos e calendários, apesar da rígida censura que vigorava nas penitenciárias pelas quais passou, dentre elas uma localizada nas Ilhas Robben.
Durante o período em que Mandela esteve preso, a comunidade internacional, por diversos momentos, buscou aplicar sanções ao governo da África do Sul como medidas para acabar com o apartheid.
A partir da década de 1980 as pressões internacionais tornaram-se mais intensas e o cenário econômico e político da África do Sul tornava-se cada vez pior. O governo iniciou reformas no final da década. Mas somente a partir da década de 1990 que as medidas levariam ao fim do apartheid. Com isso, o CNA foi tirado da clandestinidade e Nelson Mandela saiu da prisão.
PRESIDÊNCIA
Depois de liberto, a jornada de Madiba por igualdade continuou. No ano de 1990, um plebiscito realizado apenas entre os brancos revogou o apartheid. A mudança contou com grande influência de Mandela.
Em 1994, na primeira eleição aberta para a população negra, Mandela se tornou presidente da África do Sul, sendo o primeiro presidente eleito democraticamente no país.
Seu governo foi marcado pelo esforço em promover reformas igualitárias, como acabar com o legado histórico do apartheid para a população negra sul-africana. Foram criados programas de habitação, educação e desenvolvimento econômico para a população que vivia nos guetos. Uma nova constituição foi aprovada, garantindo a estabilidade política do país.
Após sua saída do governo em 1999, como promessa que iria apenas auxiliar na transição para um regime democrático representativo, continuou seu trabalho em outras áreas. Criou uma fundação que leva seu nome, atuando em diversas áreas sociais, como no amparo aos portadores de HIV e no auxílio à infância.
LEGADO
Lembrar da relevância desse líder mundial é fundamental para a luta internacional contra o racismo. Mesmo preso, ele continuava a ser uma pessoa que estimulava os africanos a não retrocederem.
Madiba foi fundamental para a reestruturação do país, com a consciência de que a África do Sul precisava ter novos rumos, uma nova direção. O líder lutou pela construção de uma vida melhor para o seu povo, garantindo a igualdade social, política e econômica para todos os negros que viviam no país durante o regime.
Mandela dedicou 67 anos da sua vida na luta pela paz na humanidade e pelos direitos humanos, portanto, se tornou um símbolo da luta por direitos igualitários não só dos negros da África do Sul, como também os negros de todo o mundo, além das diferentes etnias que se espelham em sua luta.
Devido toda sua importância na promoção dos direitos humanos, em especial dos negros, Mandela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Em 2021, a data será comemorada pela 11º vez, quando o líder sul-africano completaria 103 anos de idade.
Em 05 de dezembro de 2013, em decorrência de uma infecção pulmonar, Nelson Mandela faleceu em sua casa, na cidade de Johannesburgo, encerrando uma trajetória marcada por esforços e resiliência.
O sucesso de Mandela se deve a um fato, ele soube conquistar o povo por meio do carisma, da simplicidade e da sabedoria. O líder foi intelectualmente uma pessoa que resistiu e, ao mesmo tempo, não esmoreceu. Mantevese firme até o último momento de vida, demonstrando amor pelo povo sul-africano.
*Renata Pardo, estudante de jornalismo e estagiária da redação da Folha da Região