24 de dezembro de 2025
Especial

Pneumologista de Araçatuba esclarece dúvidas sobre os perigos da asma

Por Redação |
| Tempo de leitura: 4 min
ESPECIALISTA Dr Antonio Roberto Sandoval Barbosa explica sobre a doença/Júlia Mantovan

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, e, muitas vezes, pode ser mais perigosa do que parece. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a asma acomete cerca de235 milhões de pessoas no mundo todo e estima-se que, no Brasil, cerca de 3 a 5% da população sofra com o problema.

De acordo com o pneumologista de Araçatuba, Antonio Roberto Sandoval Barbosa, os brônquios são responsáveis por levar o ar até o pulmão e uma pessoa que sofre de asma possui brônquios diferentes dos de uma pessoa comum. "O brônquio possui uma peculiaridade e fecha com muita facilidade. Já o brônquio de um paciente sem asma é sempre do mesmo tamanho", explica. A pessoa já nasce com o brônquio nessas condições e a doença é hereditária. A crise de asma pode se manifestar logo na infância, na adolescência ou até mesmo apenas na fase adulta."A doença a pessoa já possui desde a infância, mas pode demorar a ter alguma crise", diz o médico.

Quando o brônquio de uma pessoa asmática aperta e inflama, impedindo a passagem do ar, os principais sintomas que se manifestam são a tosse, falta de ar, chiado e a dor no peito. Segundo o doutor, existem alguns fatores que desencadeiam o fechamento do brônquio, levando a pessoa a ter uma crise de asma. "Alguns remédios não são indicados para pessoas que sofrem de asma, e por acaso a pessoa fizer o uso de um deles, deve tomar muito cuidado. São eles: ácido acetilsalicílico, conhecido como aspirina, e os antiinflamatórios, principalmente da classe do diclofenaco", aponta. Segundo ele, a asma pode ser induzida pelo uso desses medicamentos.

Além disso, doutor Antonio explica que a asma pode ser induzida também por exercícios físicos ou por risada. "O nosso nariz tem a função de aquecer, filtrar e umidificar o ar, para o que ar chegue até o pulmão nessas condições. Quando a pessoa corre, respira mais pela boca e, quando ri, dá algumas golfadas de ar. A boca não tem essas funções, então o ar chega frio e seco dentro do brônquio e o contato desse ar com ele faz com que feche", conta.

Existem mais alguns fatores que podem contribuir para o desencadeamento das crises: alergia, que é mais predominante na asma que já se manifesta na infância, o quadro emocional, geralmente em adolescentes e adultos, infecção, como gripes e resfriados, e também infecções bacterianas, principalmente a sinusite. "Ao pegar uma sinusite ou qualquer outro quadro gripal, existem três caminhos para a secreção criada: nariz, ouvido e garganta. Descendo, a secreção cai dentro do brônquio e causa a infecção, fazendo com que entre em crise", fala. O último fator que pode contribuir para a crise é o refluxo gastroesofágico, que é o retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago.

Como a asma é uma doença crônica, existem alguns tipos específicos de tratamento. O primeiro passo é classificar o tipo de asma da pessoa. "Ás vezes a pessoa tem uma crise de asma agora, passa uns 4 meses sem nenhuma crise e assim vai. Se chama asma intermitente. Para esse tipo de asma não existe a necessidade de fazer o uso de medicação contínua. Ao ter a crise, faz apenas o uso de inalador, o dilatador de brônquios e, se estiver em um quadro de sinusite, tratá-la", explica. Porém, em outros casos, os sintomas podem ser bem frequentes. "Essas pessoas não conseguem ficar mais que quinze ou vinte dias sem fazer uma inalação, ou fazer o uso de bombinha para abrir os brônquios. Essa é a chamada asma persistente. Há três níveis: leve, moderada e severa, de acordo com a gravidade e a frequência dos sintomas", diz. Esse tipo de asma precisa ser tratado com o uso de uma medicação inalatória em que possui um corticóide e um broncodilatador. "O uso dessas medicações é por tempo indeterminado, ás vezes para o resto da vida", completa.

O doutor ainda ressalta a importância de fazer o tratamento de forma correta. Eu vejo muita gente fazendo de forma errada. Ao ter uma crise, a pessoa faz o uso da bombinha. Assim, o músculo, que estava apertado, dilata. Esse hábito contínuo pode fazer o músculo ganhar força e atrofiar. "A função pulmonar se perde e pode se tonar uma asma muito grave", diz. "Quadros de alergia não possuem cura, por isso é importante manter um acompanhamento para mantê-las controladas", finaliza.

A estagiária Rafaela Ribeiro de Carvalho Trivilin, de 20 anos, descobriu seu quadro de asma logo na infância, entre 5 e 6 anos, em uma consulta de rotina no pediatra. Sua primeira crise foi moderada. "Senti uma dor e um chiado forte no peito e tossia muito", conta. Ela também conta que nunca teve uma crise muito grave. "Assim que começavam os sintomas minha mãe já corria comigo pro hospital, ao ser medicada, melhorava imediatamente", diz.

Rafaela diz que, desde os seus 15 anos, suas crises diminuíram bastante, o intervalo entre elas aumento. "As crises retornam quando estou em contato com coisas que podem contribuir para uma", fala. Atualmente seu único tratamento é o uso da bombinha, o broncodilatador. Mas, para ajudar a evitar uma crise, ela criou alguns hábitos importantes. "Passar pano molhado no quarto sempre antes de dormir e em época muito seca, procuro estar sempre me hidratando", finaliza.