“Então disseram os fariseus entre si: vede que nada é proveitoso! Eis que o mundo vai atrás dele”. (João 12:19)
As anotações contidas no capítulo 12 do versículo 19 do Evangelho de João nos trazem o diálogo dos fariseus sobre a infrutífera armadilha de prender Jesus, que dias antes houvera ressuscitado Lázaro, o amigo de Betânia.
Lidar com a verdade e a superação não é tarefa fácil ao homem contemporâneo, arraigado ao materialismo e ao imediatismo da vida terrestre. Vivemos em tempos de crises sob o guante do conflito existencial, da subversão de valores éticos, das deficiências morais. Em face disso, é flagrante a incapacidade humana de lidar com os desafios das experiências do cotidiano.
Nos escandalizamos com o comportamento dos outros, ficamos assombrados com a liberdade do próximo, discordamos dos propósitos de muitos e quase sempre nos iludimos com aquilo que diz respeito ao nosso eu. Na verdade, todo crescimento é doloroso segundo explicação de Allan Kardec, contida em A Gênese: “(…) a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento”. (Allan Kardec/A Gênese, capítulo 18: São chegados os tempos)
O homem atormentado, produto do Século XXI, não se permite aquietar a fim de comprazer a beleza da vida. Entretanto, há silenciosas vitórias diárias e imensas conquistas no mundo íntimo daquele que desperta gradativamente para a sua realidade de Espírito imortal que é.
De tal modo que não tem faltado empenho do mundo espiritual para oferecer luzes aos nossos dias. O comportamento de crise que agora se manifesta em abundância demarca um período de grandes e profundas decisões.
A inteligência emocional tem que se desenvolver a duros entraves, mas haveremos de lidar com as situações de crescimento. A advertência do Cristo persiste – Ativo e Altivo – conclamando os homens de boa vontade para a luta, que é e sempre será individual e intransferível, em qualquer plano da vida.
O Evangelho do Cristo é o único roteiro infalível para nossa redenção. Talvez sigamos outros itinerários mais animados, festivos, longos ou sinuosos, porém, é da Lei Divina: enquanto não incorporarmos a vivência evangélica cristã no nosso comportamento não haverá equilíbrio e lucidez para o Espírito imortal.
O pensamento do homem deve inundar-se de espiritualidade. Os avanços científicos e tecnológicos não podem eliminar a ideia de Deus, de imortalidade, de esperança e de fé racional do homem. Toda ciência que promove esse afastamento do Divino é desumana em si mesma. A espiritualidade é o canal invisível que possibilita ao homem continuar sua trajetória ascensional.
Oportuna a reflexão de João para os dias atuais: “ vede que nada é proveitoso! Eis que o mundo vai atrás dele”. Prossigamos, mesmo que em crises, buscando a Jesus, o Cristo, para nossa real transformação.
Jane Maiolo é professora na Rede Municipal de Jales e pós-graduada em psicopedagogia. Vice-presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec, naquela cidade. Descreve esta Face Espírita/Ano 12 para publicação na Folha da Região