21 de dezembro de 2025
Artigo

Educação a longo prazo - Por Bruno Rapahel de Souza

Por Redação |
| Tempo de leitura: 2 min

A educação sempre está presente nos discursos políticos. Por envolver quase toda a sociedade - pois são poucos os que não puderam frequentar uma escola -, o tema é sempre lembrado. Porém, fica a pergunta: porque todo mundo fala sobre a importância das escolas, da valorização dos professores e que as crianças são sempre o futuro do país, mas a situação geral no setor não avança?

É sempre arriscado qualquer diagnóstico simplista, pois corre-se o risco de esquecer-se de todas as variáveis e ignorar os pormenores importantes, mas dá para invocar uma frase popular para explicar o triste fenômeno: educação de verdade não dá voto. Nesta lógica, inaugurar uma escola colorida é mais importante que dar a este espaço um projeto didático que vá realmente mudar a vida de quem frequentá-lo.

O que o Brasil precisa, de verdade, é de um programa de educação de base com a máxima qualidade igual para todos. Isto é possível, mas não é levado a sério, pois seus frutos ficarão maduros em duas ou três décadas.

Em artigo recente, o ex-senador e professor da Universidade de Brasília Cristovam Buarque lembra que em 2003, o governo da época chegou a iniciar um programa de erradicação do analfabetismo de adulto, o Brasil Alfabetizado, e iniciou experiência visando à federalização da educação de base, o Escola Ideal.

A partir de 2004, destaca ainda Buarque, o governo parou estes dois programas e concentrou sua estratégia em ampliar vagas nas universidades, facilitando o ingresso no ensino superior.

"Alguns jovens conseguiram ingresso, mas o Brasil continua com mais de dez milhões de adultos analfabetos, apenas 40% dos jovens terminam o ensino médio, sem qualidade, sem reduzir a desigualdade entre escolas dos ricos e escolas dos pobres", destacou ele, com maestria.

A verdadeira revolução, que realmente fará o Brasil a levar o tema a sério, está em assegurar igualdade de qualidade, com projetos a longo prazo, ou seja, que se torne um programa de Estado, não apenas do governante de plantão, que apenas quer inaugurar prédios nas periferias.

Bruno Rapahel de Souza é diretor de escola em Araçatuba