O que o Governo precisa fazer é gastar melhor o dinheiro. A redução dos gastos por falta de arrecadação é uma pressão natural para que se pense duas vezes antes de assinar o cheque. É assim dentro de casa, é assim no Governo. Não se gasta além do que se ganha e quando a renda cai, é preciso definir com sabedoria quais produtos vou excluir da lista costumeira. Os programas sociais do Governo Federal têm tudo para deixarem de ser apenas paternalistas. O Bolsa Família, por exemplo, destina bilhões de reais para que o beneficiado pobre receba alguns trocados e decida em que irá gastar. Pode ser uma prestação de eletrodoméstico das Casas Bahia. Valoriza-se a liberdade de escolha do cidadão. Mas, pela concepção, o benefício é temporário, vem sendo oferecido para quem não precisa e esculachou com o objetivo de ser uma ajuda passageira.
Mas nós estamos vivendo tempos das vacas magras. E todo gasto deve ser revisto e todo dinheiro, aplicado com mais sabedoria. Tudo isso digo a propósito do corte horizontal, rente ao zero, que o Governo Federal vem fazendo com o dinheiro destinado ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). É compreensível que ele tenha sido desvirtuado. Mas foi por falta de fiscalização e a facilidade de entregar produtos sem cultivar e de receber por aquilo que não plantou, a principal causa de processos inclusive na Polícia Federal.
Porém, o Governo Federal, que iniciou esses cortes nos tempos de Dilma Roussef, não pode fazer com que esses problemas sejam motivos para acabar com o Programa. Ele é muito melhor e a nosso ver, tem muito mais condições de aquecer a economia porque age diretamente na produção agrícola com consumo garantido.
O Governo compra a safra dos agricultores familiares, com limite de R$ 8 mil para cada um, e a Prefeitura distribui para os mais pobres. A doação melhora a qualidade alimentar e reduz o custo familiar nesse setor. Os alimentos adquiridos dos agricultores garantem um bom preço mínimo e introduzem os produtores a um mercado de relacionamento profissional, com datas, qualidade e quantidades de entregas definidas antecipadamente e cumpridas rigorosamente.
Antonio José do Carmo é jornalista