Do Team Penning para o Ranch Sorting. Essa foi a ordem dos fatores. Muitos dos competidores que hoje correm em dupla, já correram em trios fechando os três bois com o mesmo número dentro de um pequeno curral (pen, em inglês) próximo ao final da pista. Ao todo, 30 cabeças numeradas, em lotes de três para cada um dos números, de 0 a 9 são colocadas no fundo da pista e, ao ouvir o “pista liberada”, os três conjuntos seguem em busca daquele que será o número da vez.
Criada nos Estados Unidos, tem-se informações de que a primeira prova reconhecida oficialmente aconteceu em 1949. “A prova tem sua base nas práticas pecuárias, onde o gado tem que ser apartado para receber tratamento ou ser transportado”, explica o treinador araçatubense Adriano Carani. Para ele, não há limite de idade para iniciar, e praticar a modalidade, por isso pais, filhos, avós, amigos competem e se divertem juntos.
Segundo Alex Saleta, competidor na modalidade desde sua chegada no Brasil e responsável pela vinda do Ranch Sorting para o País, o Team Penning chegou em terras tupiniquins por meio de Lincoln Ortolani Arruda, então vice-presidente do Núcleo de Criadores de Quarto de Milha Ribeirão Preto, em 1993, quando foi realizada a primeira exibição durante o Congresso ABQM realizado na mesma cidade. A modalidade foi muito fomentada por Constabile Romano, mais conhecido como Bile.
Mesmo sendo um esporte que exige poucas técnicas e muita velocidade, é imprescindível que o competidor conheça as regras, as respeite e se aperfeiçoe, pois quando se trata de esportes com animais, todo o cuidado deve ser redobrado. “Existem riscos e envolve atenção”, pondera Carani.
Segundo o treinador, o cavalo Quarto de milha é muito inteligente, e por isso tem muita facilidade de aprender. Praticamente quase todos os animais que passam por treinamento, ficam aptos a ter um bom desempenho nas competições, sendo que, alguns se destacam mais que outros. “Para as provas oficiais do Quarto de Milha, como é o caso do Campeonato Nacional que acontece em Araçatuba, os animais devem estar devidamente chipados para poder competir. É a melhor maneira de garantir que aquele cavalo que está entrando em pista, é o animal que foi inscrito”, finaliza Adriano Carani.
ENTENDA A PROVA
Ao passar a chamada “linha de fundo” (que marca o início da prova e também a linha de “estouro”, de onde o gado não pode passar enquanto os competidores estiverem buscando retirar do rebanho os três bois com o mesmo número), os competidores acionam a fotocélula. Vale observar que sempre haverá, na maioria das vezes, um competidor que fica para trás enquanto outros dois adentram o rebanho em busca das três cabeças com o mesmo número. Praxe seria que, quando o primeiro competidor tirar o seu boi de dentro do rebanho, o que ficou para trás entre no rebanho para buscar a sua. Quando as três cabeças são retiradas, os conjuntos seguem para o pequeno curral semiaberto e devem colocar o gado neste local, momento em que a contagem do tempo é paralisada.
Para acontecer a prova, o tempo é pré-determinado pela organização, podendo variar entre 60, 90 ou 120 segundos. É possível que os competidores fechem apenas uma ou duas cabeças, mas serão penalizados em 5 segundos para cada cabeça que não for colocada dentro do curral. Ganha o trio que fechar o maior número de cabeças no menor espaço de tempo.
Para verificar se houve “estouro” (se o gado passou da linha de estouro), um juiz de linha fica posicionado com uma bandeira. Ao verificar o estouro, este juiz levanta a bandeira fazendo com que a prova seja paralisada e o trio desclassificado. “Xingar ou maltratar animais, tirar o chapéu e sacudir, movimentar um ‘reio’ (chicote) de maneira a espantar os bois e machucar o cavalo são casos para que o trio leve SAT (Sem Aproveitamento Técnico), perdendo a passada”, explica Carani. SAT é o termo usado para quando o trio é desclassificado.
No Campeonato Nacional de 2018, a modalidade teve 125 inscrições e distribuiu, em cinco provas oficiais, R$ 109.088,29. O competidor mais novo foi Gabriel Leite Varallo, então com 7 anos, e o mais experiente, Francisco José Ferreira, de 70 anos. Foram 41 provas oficializadas durante o ano de 2018.