TRAGÉDIA

Influenciadora de 19 anos morta pelo namorado será enterrada neste sábado em Lins

Karen Vitória Mariano Pereira foi assassinada com uma facada no pescoço por Givanildo Freitas dos Santos, que acabou morto por policiais militares minutos após cometer o crime

Por Lauro Sampaio, Jaqueline Lopes e Ana Carolina Gonçalves | 22/05/2023 | Tempo de leitura: 6 min

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Karen, que deixa dois filhos pequenos, atuava como influenciadora digital em duas redes sociais e tinha cerca de 115 mil seguidores na soma das plataformas
Karen, que deixa dois filhos pequenos, atuava como influenciadora digital em duas redes sociais e tinha cerca de 115 mil seguidores na soma das plataformas

Será enterrado na tarde deste sábado (20), em Lins, o corpo da influenciadora digital Karen Vitória Mariano Pereira, 19 anos, assassinada no início da madrugada desta sexta-feira (19) com uma facada no pescoço pelo namorado, Givanildo Freitas dos Santos, 43 anos, em Araçatuba.

O crime foi cometido no bloco 2 do condomínio residencial Gardênia, localizado na rua Antônio dos Santos Ribeiro, no conjunto habitacional Antônio Villela. E ocorreu minutos antes de Givanildo ser morto pela Polícia Militar ao reagir à abordagem dos agentes de segurança que foram ao condomínio após receberem informações sobre um feminicídio no local.

Enquanto o apartamento era cercado pelos policiais, Givanildo fazia uma transmissão ao vivo pela rede social Facebook, o que fez com que o duplo homicídio ganhasse grande repercussão local e regional, já que as imagens viralizaram em diversas cidades. Ele era de Guararapes e foi sepultado no fim da tarde desta sexta no cemitério da cidade.

Em contato com a funerária São Judas Tadeu, de Lins, a reportagem da Folha da Região apurou que o corpo de Karen será velado no local a partir das 7h deste sábado. O enterro vai ocorrer na parte da tarde, mas o horário ainda não havia sido definido.

A família da vítima mora no bairro Santa Teresinha, é de baixa renda e precisou contar com o apoio do Fundo Social de Solidariedade de Lins para o transporte do corpo da garota. O cadáver deixaria o IML (Instituto Médico-Legal) de Araçatuba entre o fim da tarde e o início da noite.

A mãe de Karen, identificada como Simone, estaria lutando contra um câncer de mama, o que agravaria ainda mais a situação financeira da família.

INFLUENCIADORA

Karen atuava como influenciadora digital em duas redes sociais e tinha cerca de 115 mil seguidores na soma das plataformas — além do perfil pessoal, mantinha as contas da loja virtual de que era proprietária e por meio da qual comercializava bonecas reborn (semelhantes a um bebê humano).

De acordo com informações de uma irmã de Karen menor de idade, a influenciadora e Givanildo mantinham uma relação "bastante tóxica" se considerado o pouco tempo de namoro — os dois estavam juntos havia aproximadamente apenas cinco meses.

Segundo ela, Givanildo mostrava ser muito ciumento, a ponto de apresentar comportamento obsessivo em relação à companheira, que impedia de sair de casa ou tirar fotos. A obsessão teria chegado ao ponto de despertar nele uma injustificável desconfiança de infidelidade: Karen teria um caso com outro homem e o estaria traindo no próprio apartamento em que moravam.

"Eles tinham, mesmo nestes poucos meses de namoro, muitas idas e vindas, largavam e voltavam", disse a irmã da Karen. "Eu já estive no apartamento deles duas vezes e em ambas ele me tratou com frieza; só me aceitava por eu ser a irmã dela", contou.

Karen deixa dois filhos pequenos, inclusive uma bebê de 10 meses, ambos de outro relacionamento. Nas redes sociais, amigos e familiares dela lamentaram a tragédia que se abateu sobre a família e houve dezenas de postagens de consternação.

Também no fim da tarde desta sexta, a reportagem conversou com uma sobrinha de Givanildo. A mulher disse que todos os que o conheciam ficaram bastante chocados com os acontecimentos e que ele, apesar de ter problemas com uso de drogas, era um homem trabalhador — consta que atuava em uma clinica especializada em desintoxicação para dependentes químicos.

"Ele trabalhava nisso com afinco, não sabemos o que aconteceu com ele para que tomasse essa atitude", comentou a sobrinha. "Não temos palavras para descrever o que aconteceu, não vai nem ter velório, estamos perplexos", disse ela, informando que a família queria privacidade e, por isso, optou por sepultá-lo sem que o corpo fosse velado.

O CASO

Givanildo Freitas dos Santos foi morto pela Polícia Militar de Araçatuba no início da madrugada desta sexta-feira (19) minutos após assassinar a namorada. Enquanto o apartamento em que  estava era cercado por policiais, ele fazia uma transmissão ao vivo pela rede social Facebook. Ele  matou a namorada, Karen Vitória Mariano Pereira, 19 anos, com uma facada no pescoço.

A PM havia sido acionada para apurar um possível feminicídio no condomínio. A informação inicial era de que Givanildo estaria em um outro endereço, onde os policiais não encontraram ninguém. Quando deixavam o conjunto, os PMs foram abordados pela irmã de Givanildo, que os informou sobre o real paradeiro dele — estava, naquele momento, em um outro apartamento do condomínio.

No local, a polícia verificou que Givanildo havia trancado o apartamento e colocado um guarda-roupa, uma cadeira e um colchão de casal para bloquear a porta e impedir o acesso dos agentes de segurança.

Enquanto negociavam a entrada no imóvel, presumindo que Givanildo mantinha a namorada como refém, já que ele dizia que ela estava em seus braços, os PMs constataram que ele fazia a transmissão, com falas sem sentido. As imagens mostram o rapaz circulando pelo quarto e marcas de sangue no colchão.

A negociação com Givanildo foi comandada pelo primeiro tenente Renato dos Reis. É possível constatar, na live, que o policial tenta convencê-lo a sair do apartamento e garante sua integridade física. "Levanta as mãos e saia, vai ser melhor para todos, vai ser melhor para você", diz.

Aparentando estar bastante alterado, o homem se dirige aos PMs. "Levanta a mão por quê? Não arromba, quero minha família, em nome de Jesus, quero minha irmã Juceli", afirma.

O tenente, então, insiste para que se renda. E ele não obedece. "Estou fazendo uma transmissão ao vivo no Facebook. Então me executa, mano. Olha aí, a polícia está me executando aqui no apartamento. Vocês vão atirar? Tá vendo, pessoal, tem que matar, tem que matar, fecha a porta".

Como perceberam que ele estava alterado e não mostrava disposição para se render, os PMs decidiram arrombar a porta do quarto. Ao entrarem, conforme o boletim de ocorrência, Givanildo partiu para cima dos militares, que usaram inicialmente uma arma de choque.

Como ele não foi contido e partiu para cima da polícia, os dois disparos que o mataram foram feitos. "Ele tentou pegar a arma, uma pistola, que estava com um sargento e foi necessário que um soldado atirasse duas vezes contra ele, que estava portando a faca (com que a namorada foi morta)", disse o tenente.

No quarto, os policiais encontraram Karen morta com um profundo corte no pescoço. O óbito foi confirmado por um socorrista do Samu, que também atestou a morte de Givanildo.

Perícia da Polícia Científica realizada no local apreendeu a faca, dois estojos de munição disparados pela arma do policial, dois cartuchos de arma de choque e o celular de Givanildo, além de uma mochila com anabolizantes e um tubo de cocaína.

Assim que o duplo homicídio foi confirmado, o tenente Renato dos Reis telefonou para o delegado de polícia Juliano Albuquerque e para o promotor de Justiça Adelmo Pinho. As duas autoridades estiveram no local e chamaram a perícia para o colhimento de provas. Foi feito também um exame residuográfico nas mãos do policial que disparou os dois tiros fatais contra o acusado.

A Polícia Civil vai instaurar inquérito para investigar o duplo homicídio — um qualificado, com autoria de Givanildo, e o perpetrado pelo PM, que afirma ter agido em legítima defesa, já que o acusado investiu contra ele e tentou retirar a arma de suas mãos com uma faca em punho. Inquérito da Polícia Civil não tem prazo para ser concluído, mas deverá ser requerida uma reconstituição do crime.

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