De acordo com a decisão dos desembargadores, o crime teve grande repercussão na cidade naquele ano e os réus seriam de alta periculosidade, alguns ligados a facção criminosa, o que poderia tirar a imparcialidade dos jurados da cidade no momento do júri, "já que eles poderiam se sentir intimidados", segundo a sentença de segundo grau.

Embora tenha decidido pelo desaforamento do julgamento popular- transferência de Comarca- a Justiça de Araçatuba ainda não marcou a data do julgamento e nem definiu o município onde irá ocorrer a sessão do Plenário do Júri. Não cabe mais recurso da decisão.

Os dez réus, 8 homens e 2 mulheres, serão julgados por uma tentativa de assassinato que ocorreu em janeiro  de 2020 na Santa Casa de Araçatuba, e outra em abril desse mesmo ano, no município de Pereira Barreto. Ambas envolvem a mesma vítima.

A vítima, Fabiano Pereira da Silva, um seringueiro de 30 anos, sobreviveu a duas tentativas de homicidio e hoje mora em outra cidade. Também tem passagens pela polícia por vários crimes. De acordo com investigações da Polícia Civil,  ele virou alvo da quadrilha depois que tentou matar a mãe de um dos desafeos e, aí, foi decretada "sua sentença de morte no mundo da criminalidade".

Os dez acusados de participação direta e intelectual nos crimes de tentativa de homicidio foram presos em abril de 2020 na cidade de Pereira Barreto durante a operação "Bala de Prata", que visou prender pessoas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) na região e que teriam cometido homicídios em Valparaíso e Pereira Barreto. A mega-operação envolveu 70 policiais da elite da Polícia Civil, dois helicópteros, um drone e 18 viaturas.

 Invasão da Santa Casa de Araçatuba

Fabiano Pereira da Silva estava internado na Santa Casa de Araçatuba em 24 de janeiro, quando foi surpreendido por um homem, que entrou no quarto da enfermaria, no segundo andar do prédio, e disparou contra ele usando uma arma de fogo.

De acordo com testemunhas, para se proteger dos tiros, a vítima forçou a perna que havia passado por cirurgia e sofreu nova fratura. O atirador fugiu pela porta da frente do Pronto-Socorro que atende aos pacientes conveniados.

Na ocasião, o seringueiro falou informalmente aos policiais, que havia cometido vários homicídios e tentativas de homicídio e teria sido atacado, por vingança, por membros do PCC.

Na tarde do mesmo dia da tentativa de homicidio no Hospital de Araçatuba, a Polícia Militar prendeu três suspeitos de participação nesse crime. Um deles confessou ter dirigido o carro que levou o atirador até o hospital e os outros dois revelaram que teve um familiar vítima de tentativa de assassinato praticado pelo paciente internado.

A dupla reside em Valparaíso e  revelou que os responsáveis pelo atentado contra o seringueiro seriam outros dois homens que não foram encontrados na ocasião. Em abril de 2020, já liberado da Santa Casa, Fabiano, segundo a Polícia, foi alvo novamente de outra tentativa de assassinato. Segundo a PM, cinco homens encapuzados e fortemente armados usaram dois carros e  tentaram matá-lo defronte à sua casa. Novamente, a ação perpetrada pelos criminosos não obteve êxito.