Novembro azul! O azul ressalta a oportuna campanha preventiva contra o câncer da próstata. Evoca, também, o céu! E o mês de novembro começa com a celebração de duas efemérides que se completam: a festa de todos os santos e o dia de Finados, tradicionalmente lembrado no dia 2 de novembro. Ambas as festas podem ser comparadas a uma moeda com duas faces.
Historicamente, a festa de todos os Santos foi inspirada numa tradição cultural profana que exaltava os feitos de heróis de uma determinada etnia. Havia, inclusive, o hábito de erguer monumentos, chamados de panteões, para enaltecer a memória desses heróis. Com a cristianização do Ocidente, os panteões profanos cederam lugar à igrejas celebrando as virtudes evangélicas de cristãos ilustres. Foi justamente por causa da consagração de um dos primeiros panteões cristãos que ficou estabelecida a festa de todos os santos. Posteriormente, a data foi complementada pelo dia dedicado aos defuntos. Por caminhos diferentes, as duas datas proclamam solenemente a fé na imortalidade da existência humana.
A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo atestou a grande verdade a distinguir a existência humana: a morte não tem a palavra final. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, não termina seus dias no túmulo.
O destino final da existência humana é participar da glória de Deus na eternidade. Imortal é o ser humano. Desfeita nossa habitação terrena, nos é dada no céu uma morada eterna, reza a Igreja no sublime Prefácio para os defuntos. Na teologia cristã, inspirada no mistério da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, a morte é encarada como páscoa, passagem da vida na terra para a vida gloriosa de comunhão com Deus.
Admiravelmente, as duas datas se complementam. No dia de todos os Santos louva-se a Deus pelo exemplo deixado pela multidão de seguidores – incontável, conforme atesta o Livro do Apocalipse – que em vida viveram as bem-aventuranças evangélicas e, hoje, contempla na glória a face de Deus. Na comemoração das almas dos fiéis defuntos, professa-se a fé na dimensão eterna da vida. Mentes críticas questionam o dogma cristão da imortalidade.
Não há como provar cientificamente que a vida humana subsista após a morte. Rebate-se com a mesma argumentação: não há como provar cientificamente que a vida humana termina com a morte.
Pelo contrário, o íntimo anseio da alma humana de querer sempre viver e progredir clama por uma dimensão imortal da existência. A doutrina cristã está mais em sintonia com o anelo da alma humana.
Preserva-se na França uma tradição cultural muito singela. Na festa de todos os Santos – conhecido no calendário local como Toussaints - costuma-se decorar janelas de residências com flores, representação estética a atestar a fé na imortalidade da existência humana. O ser humano existe para um dia partilhar com Deus sua glória eterna! Viva a Vida!
Padre Charles Borg é vigário-geral na Dioecese de Araçatuba
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